O que é a Renda Fixa Digital?
Depois de anos liderando a democratização dos investimentos em startups no Brasil, o Kria está ampliando sua atuação para um novo e promissor mercado: a Renda Fixa Digital. Essa nova fase da plataforma oferece aos investidores uma alternativa segura, acessível e com rentabilidade atrativa — tudo 100% online.

Destaques

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A ascensão dos Micro-VCs
Querida comunidade Kria,
Na última década, novos atores entraram no mercado de Venture Capital, dando opções paralelas a um ambiente antes dominado por fundos institucionais. Agora, contamos com um mercado pulverizado, onde investidores anjos, clubes de investimentos, plataformas (oi!) e micro-VCs firmaram seu papel.
Na news de hoje, vamos falar sobre os micro-VCs. Café na mão?

Na definição da Pitchbook, os Micro-VCs se configuram como qualquer fundo com menos de $50 milhões; enquanto isso, a Crunchbase sobe um pouco a barra para $100Mi; mas, no Brasil, é comum que esses fundos sejam menores. Num geral, são escritórios pequenos, especializados em early stage e que ajudam durante a fase de escalar as empresas, seja gerando conexões, seja provendo expertise em diferentes temas. Além disso, ao se voltarem para empresas iniciais, os micro-VCs também mostram que estão mais abertos a aceitar os riscos, se beneficiando quando as empresas crescem exponencialmente (sim, a curva em J entrou aqui, de novo).
De acordo com a Crunchbase, o número de micro VCs aumentou 120% na última década, com cerca de 58% com sede nos próprios EUA. Esse rápido crescimento faz com que seja esperado um aumento também no tamanho do mercado, onde se projeta um boom de vários milhões de dólares até 2029:

Atualmente, cerca de 70% dos Micro-VCs investem em early stage, e contam maior flexibilidade e adaptação de tese. Uma vez que costumam contar com menos LPs envolvidos, também têm capacidade de tomar decisão mais rápida. Outro ponto interessante é a menor obsessão com os unicórnios, uma vez que se interessam por empresas com capacidade de crescer e distribuir valor aos investidores com exits que podem ser “só” milionários, não sendo tão ansiosos com o valuation de um bilhão.
É claro que a cereja do bolo dos Micro-VCs reside no acompanhamento da empresa e no relacionamento com a equipe fundadora. Isso porque eles trocam a política de ter diversas empresas no portfólio, como nos fundos maiores, e, com isso, podem dedicar mais tempo no auxílio das investidas.
Por aqui, somos muito adeptos à tese de um mix de capitais investindo nas empresas. Temos co-investimento com importantes micro VCs, como a Grão, investidora da Mais Mu, EquityRio, nossa parceira e investidora na The Question Mark e Flip Saúde e, recentemente, a STRIVE, que está liderando a atual rodada bridge de R$3 milhões da Flip Saúde. Um motivo de orgulho para nós é que a STRIVE conheceu a Flip Saúde quando convidamos Thiago Galli, managing partner da empresa, a ser nosso Deal Partner na rodada realizada em 2023. Foram 18 meses de relacionamento construído entre as partes.
Por isso, também fica o convite: quer apresentar seu negócio para o Kria? É só demonstrar seu interesse e o time de VC entra em contato com você :)

- Como mencionamos, a Flip (antiga Axxes) recebeu aporte da Strive. Pelos próximos dois anos, contará com o auxílio de 35 investidores que entraram pela Strive; entre eles, nomes como Pedro Conrade, CEO e fundador do Neon, Marco Cauduro, ex-CEO da CCR e sócio da Prisma Capital, e Maria Teresa Fornea, vice-presidente da unidade de home equity da Creditas.
- A Fluke lançou um espaço para empresas, onde fornece planos de telefone corporativos.
- E, claro, relembre nossa incrível página de comemoração dos dez anos de Kria!
Obrigada por ter me acompanhado até o fim de mais uma news. Nos encontramos toda quarta-feira, 16h37! Dúvidas, opiniões, feedbacks? Basta responder esse e-mail! :)
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Au revoir,

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A era do co-investimento
Muito se fala sobre a bolha do Venture Capital – como, dentro do círculo de pessoas de VC, se trocam ideias, opiniões e apostas. E, enquanto tem o lado no qual já provocamos a reflexão, como a questão da diversidade ou do hype dos investimentos, também devemos reconhecer uma coisa muito importante: o quanto o VC se fortalece por sua comunidade.
É inviável criar um fundo solitário. Parte da dinâmica do Venture Capital é fundada em se fortalecer por bons relacionamentos: seja para criar pontes para futuros exits das suas investidas ou trocar figurinhas no dealflow, muitas vezes gerando uma rodada conjunta. Aliás, às vezes nem apenas fundos, mas também LPs – como family offices, investidores anjo, fundos de pensão – e private equity.
Mas, afinal, por que diversos players investem em parceria?
Podemos colocar como a razão principal a diluição de riscos entre os investidores.
Investimento em startups é uma modalidade de alto risco, que se contorna com a criação de um portfólio diversificado. Ao ter mais empresas com seu selo, a chance das bem-sucedidas gerarem retornos capazes de mitigar o impacto de falências ou downrounds é bem maior. Nas palavras do David McClure, da 500 Startups: “uma estratégia de investimento de capital de risco mais prudente seria construir o tamanho do portfólio com base no número de investimentos necessários para gerar pelo menos um grande resultado (ou cerca de 3 a 5 grandes resultados, para garantir a segurança estatística).”

Assim, investir em comunidade garante rounds mais robustos e beneficia tanto os investidores, quanto os empreendedores. Além de, claro, fortalecer a união entre as partes e gerar mais insumo de experts, uma vez que mais analistas avaliam a rodada.
A diminuição de riscos não é o único bônus de um co-investimento. Além de ser útil durante a rodada, abrindo a possibilidade de mais grandes nomes chancelarem a startup e agregarem valor, a comunidade também se mostra importante no pós-investimento – onde uma quantia maior de experts consegue prover suporte aos desafios das empresas e fomentar seu crescimento.
Outro ponto relevante é a construção (e manutenção!) de relacionamento com fundos que podem se tornar os investidores das empresas do seu portfolio: tanto para garantir que tenham liquidez e capital de giro para dar continuidade ao seu negócio, como para aumentar seus valuations. Como o foco do VC sempre fica no exit, a continuidade dessas rodadas pode implicar em maior retorno.
Por esses motivos, se tornou cada vez mais o foco de diversas operações, chegando a ser a preferência de investimentos de quase dois terços dos LPs, segundo o Private Equity International.

Não é de se surpreender que, durante a última década, os co-investimentos mais que dobraram. Segundo a Pitchbook, a expectativa é de ainda mais crescimento, uma vez que a estratégia toma cada vez mais prioridade no portfólio de LPs, que buscam participar das rodadas.

Por aqui, o movimento é muito comemorado. Já celebramos captações com nomes como EquityRio, Kaszek e Din4mo Ventures, e planejamos seguir nesse caminho – afinal, nosso posicionamento sempre foi trazer a possibilidade do investidor PF participar do Venture Capital de fato. Vem com a gente?
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O investimento da nova geração
84 trilhões de dólares. Esse é o valor esperado que os baby boomers passem para seus herdeiros até 2045. Com uma geração tão diferente da anterior assumindo as rédeas de um grande volume de dinheiro, podemos esperar mudanças nos tipos de investimento de maior sucesso. Para entender as novas tendências, o Bank of America divulgou uma pesquisa que busca responder à pergunta: como os mais jovens investem?

O estudo revelou que a nova geração de investidores – entre 21 a 43 anos – já não acredita que há forma de realmente enriquecer apenas com ações e títulos: 80% dos investidores jovens estão olhando para ativos alternativos como Private Equity, imobiliário, commodities e outros ativos tangíveis. O segredo parece ser a diversificação de portfólio, aliada a um fator de identificação. O dinheiro investido por essa geração reflete o que ela quer mudar no mundo. E quem ela quer enriquecer.

Isso de dar significado aos próprios investimentos também entra em pautas sociais: as novas gerações esperam estabelecer um próprio padrão e personalidade na filantropia, ainda que permaneçam dando suporte às causas de seus pais.
O estudo do BofA comprova algo que já vínhamos notando: os ativos alternativos estão se tornando protagonistas do mercado de capitais, nos Estados Unidos e no mundo. Com a riqueza passando para as gerações mais jovens, os impactos do novo perfil de investidor deverão moldar toda a nossa forma de investir.

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A favorita da LatAm
Querida comunidade Kria,
As fintechs são as queridinhas da América Latina há uma década, unindo um mercado com crescimento e inovador a regulamentações que permitem diversas novidades borbulharem no mercado.
Na news de hoje, vamos dar uma olhada nos números apresentados pelo report da Distrito. Café na mão?

O segmento de fintechs foi, na América Latina, a menina dos olhos dos investidores. Em um mercado em pleno crescimento e gerando diversas inovações – como os bancos digitais, o open banking ou os novos meios de pagamento –, o Venture Capital encontrou um ambiente propício para deixar seus aportes. A pergunta que fica é: com o crescimento do hype da AI, as fintechs precisam dividir seu protagonismo?
Para um pouco de background, o segmento se consagrou como o setor com mais injeção de capital na última década, acumulando um total de US$15 bilhões investidos apenas na América Latina. Nessa conta, o Brasil saiu na frente, sendo responsável por US$10 Bi – cerca de 70% do montante total.

Podemos ver um crescimento substancial em 2018, que também se marca como a época onde o Nubank atingiu o marco de unicórnio, e um pico em 2021. Logo em seguida, existiu um momento de retração do mercado, quando o momento de autocrítica e reflexão do VC tomou conta do cenário, e esse movimento se manteve nos anos seguintes. Entretanto, nos seis primeiros meses desse ano, aportes equivalentes a 80% do volume de todo o ano anterior, gerando um clima esperançoso.

É claro que, no cenário atual, esse favoritismo passou para a área de inteligência artificial. E, com isso, surge também a pergunta: afinal, a atenção dividida afeta as fintechs?
E a resposta simples é: não, muito porque elas também estão surfando na onda da AI ao incorporar o novo modelo em suas tecnologias ao invés de lutar contra ele. Esse movimento de IA-ficação não se restringe às fintechs e tomou conta de toda a malha inovadora do Brasil, fazendo com que, até o momento, sejamos o maior investidor da incorporação da inteligência artificial nas empresas da América Latina.

Na última semana, a Wiz, uma startup de cybersegurança, recusou uma proposta de compra feita pela Alphabet (uma empresa Google) sob um valuation de $12Bi, com a compra sendo feita por $23Bi. O que seria um cenário de M&A perfeito para muitos foi adereçado em uma carta feita pelo fundador, Assaf Rappaport, e enviada para os trabalhadores da empresa, onde afirma que, por mais difícil que seja sua decisão, ela foi tomada pela diretoria ver um caminho promissor para a empresa.
O movimento trouxe uma reflexão interessante sobre o que é, afinal, o cenário ideal para se despedir de sua empresa. Isso porque o caminho do empreendedorismo não é único; pelo contrário, é mais como uma combinação de várias encruzilhadas, onde você tem um mapa não exato.
Nem toda empresa vai virar um unicórnio, ou ser comprada por uma tech maior. E é nessa diversidade que o mercado floresce melhor, celebrando diferentes formas de se criar empresas que mudam o futuro.
Que possamos celebrar também a diversidade das empresas.

- O primeiro unicórnio das femtechs surgiu! Se trata da Flo, um app para monitoramento do ciclo menstrual e ovulação. Já em série C, levantou US$2 milhões com o fundo novaiorquino General Atlantic. Parabéns, Flo!
Obrigada por ter me acompanhado até o fim de mais uma news! Nos encontramos por aqui toda quinta-feira, 17h! Dúvidas, opiniões, feedbacks? Basta me enviar um e-mail! :)
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Le, do Kria
Comunicação e comunidade

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Dez anos de Kria
Em 2024 completamos 10 anos de Kria - e consequentemente, do novo mercado de capitais para PMEs.
Muito se fala sobre as vantagens do pioneirismo. Menos mencionados são os desafios enfrentados pelo primeiro - aquele que antes de se provar visionário, está na categoria dos loucos. A última (ou melhor, a primeira!) década do Kria foi uma mistura de loucura, paciência e, principalmente, propósito: de democratizar o mercado de capitais.
Surgimos antes da regulação, e começamos antes do mercado estar pronto. Acompanhamos de perto a CVM no desenvolvimento do seu primeiro arcabouço regulatório para as Ofertas Públicas, e desde então nas subsequentes evoluções normativas. Enfrentamos mitos e preconceitos no mercado de Venture Capital, tendo que nos provar constantemente, através de casos de sucesso com os poucos empreendedores corajosos o bastante para desafiarem o status quo.
Erramos, experimentamos, acertamos e, por termos chegado muito antes do amadurecimento de nosso mercado, aguardamos. Agora, o mercado que começamos a desbravar em 2014 enfim conquistou sua relevância, com o investimento em negócios privados se popularizando e integrando cada vez mais ao mercado financeiro tradicional. Do lado regulatório, os sinais da CVM são de que o nosso ambiente será protagonista do novo mercado de capitais - tokenização, sandbox para secundárias, novas regras de fundos e marco para securitização são alguns dos destaques.
E nesse cenário, nos vemos em uma posição de vantagem: nos últimos anos construímos a principal infraestrutura do mercado, acumulando recordes em volume captado, número de exits, co-investimentos com fundos top tier e até a recente parceria com a B3. Nossa expertise atraiu potenciais concorrentes, que optaram por fazer parte de nossa comunidade de Plataformas que utilizam nossa tecnologia, onde já alcançamos 15% de marketshare.
O momento agora é de consolidarmos o Kria como o ecossistema de investimentos em empresas privadas, para além do crowdfunding: desenvolvemos a tecnologia necessária para que as centenas de agentes do mercado de investimentos privado possam otimizar seus portfólios, diminuindo a fricção e aumentando o acesso e liquidez. Nos EUA, esse cenário já é realidade: mais de 36% dos principais deals de Venture Capital e Private Equity foram estruturados via plataforma (Angelist). No Brasil, pode ser também.
Nos últimos 10 anos contamos com uma comunidade de mais de 60.000 entusiastas.
Os empreendedores - os verdadeiros corajosos, que se abriram a um novo formato de captar recursos com suas comunidades.
Os investidores, que diversificaram suas carteiras de ativos com inovação e impacto social.
A cada um que participou e participa do Kria, nosso imenso agradecimento. Que possamos conquistar ainda mais nos próximos 10, 100 anos.
Juntos por um novo mercado de capitais!

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Da rede às gôndolas: a trajetória da OHCA
No portfólio Kria desde 2021, a OHCA é uma holding que se propõe a fornecer bebidas brasileiras de qualidade e com personalidade jovem. Com um portfólio cheio (e aumentando cada vez mais), seus carros-chefe são a cachaça de jambu, com a marca Jós, e o vinho, pela Vinho22, inspirada na Semana da Arte Moderna de 1922.
Em uma conversa com o Marcelo de Paula, CEO e Co-Founder, buscamos entender mais sobre a história da empresa e seus passos futuros. Vem com a gente!
Onde surgiu a ideia da OHCA?
Nossa história começou formalmente em 2019, mas é embrionária desde 2015. Sempre tivemos vontade de empreender e tínhamos experiência no setor de bebidas e consumo. Quando conhecemos a cachaça de jambu, no Pará, vimos que era algo super regionalizado e pouco difundido em outras regiões do país. Passamos um tempo pilotando, construindo nossa primeira marca (Jós) e validando nosso produto e modelo. Só então estruturamos o Plano de Negócios do que viria a ser a OHCA Bebidas. Aí foi tomar coragem e entrar de cabeça nesse mundo.
A OHCA é focada em criar uma marca forte e que converse com seus consumidores. Por quê? Qual foi a visão de marca de vocês que os fizeram criar a Jós e a 22?
Ao analisar o mercado de bebidas no Brasil, enxergávamos muito espaço para o nascimento de novas marcas “independentes”. A indústria até então era dominada (ainda é) pelas grandes multinacionais trazendo dois grandes problemas: (i) a doutrinação das tendências de consumo — onde o consumidor, sem perceber, possui cada vez menos pensamento crítico pra escolher o que bebe, pois, a indústria domina a distribuição massiva. É assim que aparecem os “drinks do momento”; (ii) a desconexão total da marca com o consumidor. Acreditamos que cada vez mais, no mundo moderno, as marcas precisam estar próximas do consumidor, proporcionando mais diálogo, participação cultural e ser menos superficial. É o que dizemos por aqui, a OHCA não é uma empresa de vendas, é uma empresa de marca.
Em 2021 vocês fizeram uma rodada com a gente, que arrecadou R$1,1 milhão de 202 investidores. O que levou vocês a optarem pelo equity crowdfunding?
Por sermos uma empresa que tem no DNA, a construção e força da marca, optamos por ter mais “embaixadores” e “donos” da marca espalhados pelo Brasil do que só um investidor que aportou um capital. Acreditamos muito na construção de comunidade e os benefícios que isso traz pro nosso modelo de negócio. Quanto mais pessoas participando dessa comunidade melhor. O consumo moderno passa muito pelo pertencimento, diálogo e efeito de rede.
E quais foram os principais aprendizados que surgiram de dentro da sua comunidade investidora?
É importante estar sempre gerando movimento. Trazendo novidades, conteúdo informação, benefícios exclusivos e, principalmente, transparência. É com movimento e diálogo que você consegue engajar uma comunidade. Às vezes a gente é consumido pela nossa operação e acaba deixando isso em segundo plano, mas trabalhamos pra ser uma das nossas prioridades.
Quais foram as principais mudanças desde então?
Incrementamos algumas ações que visam incluir essas ações no nosso processo operacional. Alocação de pessoas e recursos para esse atendimento mais personalizado, desenho de campanha e acesso exclusivo a lançamentos foram algumas ações que colocamos em prática. Além, é claro, da governança em relação a transparência de resultados operacionais junto com o time do Kria.
Agora, a OHCA está se empenhando em passar a ir para os mercados físicos e alcançar mais público. Qual foi o momento que virou a chave na decisão de entrar no omnichannel e deixar de ser uma DNVB?
Na verdade, a OHCA hoje tem 2 marcas no portfólio (ainda). Isso faz com que cada uma tenha uma estratégia diferente de atuação. A Jós sempre foi uma marca de presença no On Trade (bares, casas noturnas e restaurantes), muito focada em coquetelaria. Já o vinho 22 é o que chamamos de uma marca nativa digital. Isso acontece, pois cada categoria apresenta uma aderência a um tipo de canal e analisamos muito isso. Nesse segundo caso, o fato do 22 nascer como uma DNVB, estamos encarando como um ajuste de modelo. Nosso foco continua sendo a operação online, mas além do nosso e-commerce, encontramos parceiros que complementam nossa operação em capilaridade. Além disso, buscamos escutar sempre nossa comunidade e, nos últimos meses, enxergamos a necessidade de estar mais presentes na distribuição do varejo físico. Estudamos quais são os melhores players pra isso e estamos em negociação. A ideia é alinhar o modelo digital na construção de marca com mundo o físico na oferta.
Outro plano é a transformação da OHCA em uma holding, com a anexação de novas marcas. Como isso afetaria as operações atuais?
A OHCA como holding de bebidas sempre foi um plano desde o nosso primeiro Plano de Negócios. Entretanto, sabemos que construir marca é algo moroso e que demanda tempo, por isso focamos os últimos 2 anos em trabalhar as nossas marcas. Agora o mercado tem se mostrado muito aquecido, alguns conglomerados de marca apareceram para ajudar a balançar o nosso mercado. Isso tem tido um impacto muito positivo e faz todo sentido quando você pensa em sinergia, tanto em custos como comercialmente falando. Essa é a ideia que temos para a OHCA, firmar parcerias com novas marcas e, se fizer sentido, lançar outras. Tudo vai depender da oportunidade que aparecer e o mercado que se apresenta. Mas o foco total de tudo é sinergia de operação e potencialização de receita.
Quer nos contar um pouco sobre os próximos passos da OHCA?
Este foi um ano muito importante para nós em termos de construção de marca, mais do que o crescimento de receita. Estamos bem posicionados no mercado e com uma estratégia pronta de expansão. Neste final de ano lançaremos uma nova rodada de investimentos, desta vez com um volume um pouco menor, priorizando o crescimento do grupo. A ideia é expandir canal de vendas e fixar parceria com outras marcas que tenham sinergia com nosso portfólio. Isso é algo que já está no radar e que estamos animados. Temos 3 pilares que pautarão esse nosso próximo ciclo: Expansão, Consolidação e Rentabilidade.
Por fim, nos recomende um livro!
Eu sou um leitor bem assíduo, mas confesso que não tenho gosto algum pelos livros de negócios. Até li algumas recomendações e, de fato, tem histórias e modelos interessantes, mas acredito que o empreendedor tem que tomar cuidado pra não ficar refém desse universo. Meu negócio é literatura, leio muito romance. Se é pra indicar algum, dos mais recentes, fico com o Torto Arado, do Itamar Vieira Júnior. Pra quem ainda não leu, é o melhor que já li dos últimos anos. Além da maestria do livro, importante pra gente ter um olhar muito sensível e crítico da construção do nosso país. Isso é fundamental pra entender quem somos, de onde viemos e o entendimento de algumas raízes dos nossos desarranjos sociais. Tudo isso costurado com uma história brilhante.

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Captações com menos confetes
Passaram-se dez anos desde que Ben Horowitz, co-fundador de um dos mais prestigiados fundos de Venture Capital — o a16z — , publicou o artigo “The case for the Fat startup”, desafiando a ideia, padrão na época, de que as startups deveriam captar pouco investimento e preservar o capital. Ben argumentou, usando a sua própria história como exemplo, de que em alguns cenários as empresas podem (e devem) captar e queimar bastante dinheiro para vencer no mercado.
Se há dez anos o cenário das “Fat Startups” era contraindicado, e o Ben precisou apresentar um caso (muito bom, por sinal) para justificar essa estratégia, hoje o contexto é outro. O volume médio das rodadas de investimento cresceu substancialmente. Segundo levantamento da firma de VC Wing, o valor médio de uma rodada Seed cresceu 4.3x de 2010 para 2018. O montante que em 2010 era a média captada em Séries A (U$5 Mm), hoje representa uma rodada Seed.

E não tem problema algum em ser uma Startup Gorda. Mas quando essas rodadas milionárias (ou bilionárias) são destacadas nas mídias e louvadas em nossos grupos de WhatsApp, ou quando apostamos sobre quem será o próximo unicórnio, parece que o capital se transformou no fim em si — e não no meio.
Gostaria, então, de retomar o argumento central de Ben Horowitz no “The case for the Fat startup”:
“Toda startup está em uma furiosa corrida contra o tempo. A startup precisa encontrar o product market fit que a direciona ao negócio certo e substancialmente dominar o mercado antes de ficar sem dinheiro. Como resultado, as duas grandes prioridades são:
1. Encontrar o produto que 1.000 empresas ou 50 milhões de consumidores querem comprar, e conquistar esses consumidores antes que seu competidor o faça.
2. Captar dinheiro o suficiente e gastá-lo de maneira inteligente de modo que você não vai falir no meio do caminho.
Gastar muito ou gastar pouco é o meio, não o fim. Escolha a estratégia certa para conquistar o mercado, ou você pode acabar indo diretamente para o purgatório (de startups!).”
Vivemos um momento de abundância de capital no mercado. Parafraseando o Sam Altman, da YCombinator, hoje é mais fácil receber investimentos do que investir. Isso não significa, porém, que você PRECISA captar grandes investimentos (ou captar qualquer investimento).
O quanto você capta depende de sua necessidade de capital para executar o seu plano e conseguir sobreviver. E o seu plano dependerá de seu contexto — do momento de sua startup, de seu mercado e de seus concorrentes.
Então, quando se deparar com a dúvida sobre quanto captar, considere:
1. Quanto você tem no caixa?
2. Quanto você gasta/planeja gastar por mês? Planeje-se para gastos e cenários inesperados.
3. Quais são os seus próximos cenários de capital (novas rodadas, saída ou se tornar lucrativo o suficiente para não necessitar de capital externo)?
4. O quanto você precisa para, dado o seu planejamento do negócio, chegar na próxima etapa de captação ou saída(considere um cenário de pelo menos 12–18 meses)?
Por fim, quando se trata de captação em troca de participação societária, o investimento é um “produto” que você, empreendedor, está comprando — em troca de um de seus mais valiosos bens. O quanto vale o seu negócio (ou o quanto você está disposto a vender dele) impacta no seu planejamento de captação e estratégia para rodadas de funding. Mas o equity também não é a única forma de financiar o seu negócio — Venture Debt, por exemplo, tem se destacado cada vez mais no mercado.
É importante levar em consideração “o quanto você está disposto a pagar” pelo investimento, no momento de traçar a sua estratégia de captações. As diferentes modalidades de investimento, como se calcular o valuation e como preservar o seu cap table são temas para próximos conteúdos. Ainda que influenciem na sua estratégia de captação, o seu primeiro passo, quando se deparar com a questão de “o quanto devo captar”, é considerar qual a sua verdadeira necessidade de capital.
No final do dia, não existe uma estratégia certa ou errada — seja uma startup magra ou uma startup bem gorda, o que realmente importa é para onde o capital vai te levar, e não o que você é hoje por causa desse capital.
Referências, inspirações e pessoas que pensam diferente:
Sobre estratégia de Startup Gorda:
The Case for the Fat Startup: https://a16z.com/2010/03/17/the-case-for-the-fat-startup/
Livro: Blitzscaling, do Reid Hoffman, fundador do LinkedIn
Sobre estratégia de Startup Magra:
Material da Sequoia: https://www.slideshare.net/eldon/sequoia-capital-on-startups-and-the-economic-downturn-presentation
Livro: The Lean Startup, do Eric Ries
Evolução das rodadas de investimentos:
Material da WING VC: https://wing.vc/content/seed-is-the-new-a-a-is-the-new-b